13 de abr. de 2016

Estratégia De Guerra Ecológica Decisiva - Kataklysma

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Estratégia A
Envolver-se em ações diretas militantes contra a infraestrutura industrial, especialmente a infraestrutura energética.
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Estratégia B
Ajudar e participar de lutas por justiça social e ecológica em curso, promover a igualdade e atacar a exploração realizada por aqueles que estão no poder.
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Estratégia C
Defender a terra e evitar a expansão da atividade industrial madeireira, de mineração, de construção, e assim por diante, de modo que mais terra intacta e espécies permaneçam quando a civilização entrar em colapso.
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Estratégia D
Construir e mobilizar as organizações de resistência que vão apoiar as atividades aboveground, incluindo treinamento descentralizado, recrutamento, apoio logístico, e assim por diante.
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Estratégia E
Reconstruir a base de subsistência sustentável para as sociedades humanas (incluindo policulturas perenes para alimentação) e comunidades democráticas localizadas que defendem os direitos humanos.
Ao descrever este cenário alternativo futuro, devemos ser claros sobre algumas frases abreviadas como “ações contra a infraestrutura industrial”. Nem toda infraestrutura é igual, e nem todas as ações contra a infraestrutura são de igual prioridade, eficácia ou aceitabilidade moral para os movimentos de resistência neste cenário. Como Derrick Jensen escreveu em Endgame, você não pode criar um argumento moral para explodir um hospital infantil. Mas, por outro lado, você pode criar um argumento moral para derrubar torres de telefonia celular. Algumas infraestruturas são fáceis de atacar, algumas são difíceis e outras são ainda mais difíceis.
Sobre o mesmo tema, há muitos mecanismos diferentes que podem conduzir a civilização a um colapso, e eles não são todos iguais ou igualmente desejáveis. No cenário de Guerra Ecológica Decisiva, a escolha por alguns mecanismos é intencionalmente priorizada e aconselhada, enquanto outros são retardados ou reduzidos. Por exemplo, o declínio de energia a partir da diminuição do consumo de combustíveis fósseis é um mecanismo de colapso altamente benéfico para o planeta e (especialmente em médio e longo prazo) para os seres humanos, e esse mecanismo é priorizado. Por outro lado, o colapso ecológico por meio da destruição de habitats e da biodiversidade é também um mecanismo de colapso (embora leve mais tempo para afetar os seres humanos), e esse tipo de colapso deve ser retardado ou impedido quando e onde for possível.
Colapso, em termos gerais, é uma perda rápida de complexidade.[16] É uma mudança em direção a estruturas-sociais – políticas, sociais, econômicas – menores e mais descentralizadas, com menor estratificação social, regulação, controle comportamental e arregimentação, e assim por diante.[17] Os principais mecanismos de colapso incluem (não necessariamente nessa ordem):
  • Queda energética resultante dos picos de extração de combustíveis fósseis e uma crescente população industrializada diminuindo a disponibilidade per capita.
  • Colapso industrial com as grandes economias globais arruinadas pelo aumento dos custos de transporte e de produção e pelo declínio econômico.
  • Colapso econômico resultante da incapacidade do capitalismo corporativo global de manter o crescimento e as operações básicas.
  • As mudanças climáticas causando colapso ecológico, insuficiência agrícola, fome, refugiados, doenças e assim por diante.
  • Colapso ecológico de muitos tipos diferentes conduzidos pela extração de recursos, destruição de habitats, destruição da biodiversidade e pelas mudanças climáticas.
  • Doenças, incluindo epidemias e pandemias, causadas pelas condições de vida de superpopulação e pobreza, juntamente com doenças bacteriológicas cada vez mais resistentes aos antibióticos.
  • Crises alimentares provocadas pelo deslocamento de agricultores de subsistência e destruição de sistemas alimentares locais, concorrência por grãos por parte das fazendas industriais e produtores de biocombustíveis, pobreza e limites físicos para a produção de alimentos por causa das secas e rebaixamento dos níveis de água.
  • Rebaixamento dos níveis de água resultante do consumo acelerado de fontes finitas de água, solo e petróleo, o que leva as fontes acessíveis à rápida exaustão.
  • Colapso político com grandes entidades políticas dividindo-se em grupos menores, secessionistas rompendo com estados maiores, enquanto alguns estados vão ir à falência ou simplesmente cair.
  • Colapso social, com escassez de recursos e estouros de agitação política, identificação com grupos artificiais menores (por vezes baseados em classe, etnias ou afinidades regionais), muitas vezes com concorrência entre estes grupos.
  • Guerras e conflitos armados, especialmente guerras por recursos em disputa pelo fornecimento de recursos finitos restantes e conflitos internos entre milícias e facções rivais.
  • Crime e exploração causados pela pobreza e desigualdade, especialmente em áreas urbanas congestionadas.
  • Deslocamento de refugiados resultante de catástrofes espontâneas, como terremotos e furacões, mas agravadas pela mudança climática, escassez de alimentos, e assim por diante.
Neste cenário, cada aspecto negativo do colapso da civilização tem uma tendência de reciprocidade que o movimento de resistência incentiva. O colapso de grandes estruturas políticas autoritárias viabiliza em contrapartida a emergência de estruturas políticas participativas de pequena escala. O colapso do capitalismo industrial global abre espaço para o surgimento de sistemas locais de troca, cooperação e ajuda mútua. E assim por diante. De um modo geral, neste futuro alternativo, um pequeno número de indivíduos underground derruba grandes estruturas ruins, e um grande número de indivíduos aboveground fazem florescer pequenas e boas novas estruturas.
Em seu livro O Colapso das Sociedades Complexas, Joseph Tainter argumenta que um dos principais mecanismos de colapso tem a ver com a complexidade social. Complexidade é um termo geral que inclui o número de trabalhos diferentes ou papéis na sociedade (por exemplo, não apenas curandeiros, mas epidemiologistas, cirurgiões de trauma, gerontologistas, etc), o tamanho e a complexidade das estruturas políticas (por exemplo, não apenas assembleias populares, mas burocracias se espalhando por vastidões), o número e a complexidade dos itens manufaturados e tecnologia (por exemplo, não apenas lanças, mas muitos calibres diferentes e tipos de balas), e assim por diante. Civilizações tendem a tentar usar complexidade para resolver os problemas, e como resultado, sua complexidade aumenta com o tempo.
Mas a complexidade tem um custo. O declínio de uma civilização começa quando os custos da complexidade começam a exceder os benefícios, em outras palavras, quando o aumento da complexidade começa a oferecer retornos decrescentes. Nesse ponto, as pessoas individuais, famílias, comunidades, subunidades políticas e sociais têm um desincentivo para participar dessa civilização. A complexidade continua aumentando, sim, mas ela passa a ser cada vez mais cara. Eventualmente, os custos crescentes forçam a civilização a colapsar, e as pessoas a retornarem aorganizações políticas e grupos sociais menores e mais locais.
Sabotagem pode superar a produção…
Parte do trabalho do movimento de resistência é aumentar o custo e diminuir os retornos da complexidade. Isso não exige colapso instantâneo ou ações dramáticas globais. Mesmo pequenas ações podem aumentar o custo da complexidade e acelerar as partes boas do colapso enquanto ameniza as ruins.
Parte do argumento de Tainter é que a sociedade moderna não entrará em colapso da mesma forma como as sociedades antigas, porque a complexidade (através de, por exemplo, agricultura em grande escala e extração de combustíveis fósseis) tornou-se a base física da vida humana, em vez de um benefício colateral. Muitas sociedades históricas colapsaram quando as pessoas retornaram para as aldeias e para modos de vida tradicionais menos complexos. Eles escolheram fazer isso. As pessoas modernas não vão fazer isso, pelo menos não em grande escala, em parte porque as aldeias se foram, e os modos de vida tradicionais já não são diretamente acessíveis a eles. Isso significa que as pessoas na civilização moderna estão em um dilema, e muitos continuarão a lutar pela civilização industrial, mesmo quando sua continuação é, obviamente, contraproducente. Sob um cenário de Guerra Ecológica Decisiva, ativistas aboveground facilitam esse aspecto do colapso desenvolvendo alternativas que aliviam a pressão e incentivam as pessoas a deixar o capitalismo industrial por opção.
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