1 de jan. de 2015

O novo desafio Ludita - texto de Ted Kaczynski

Este excerto foi retirado do manifesto do Unabomber "A sociedade industrial e o seu futuro":
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Primeiro consideremos que os cientistas informáticos têm sucesso em desenvolver máquinas inteligentes que conseguem fazer todas as coisas melhor do que os humanos conseguem faze-las. Nesse caso presumivelmente todo o trabalho será feito por um vasto e altamente organizado sistema de máquinas, e nenhum esforço humano será necessário. Um de dois casos poderá ocorrer. Poderão ser permitidas às máquinas tomar todas as decisões por sua conta sem a supervisão humana, ou então o controlo humano sobre as máquinas poderá ser mantido.
Se forem permitidas ás máquinas fazer todas as suas próprias decisões, nós não podemos fazer qualquer conjectura quanto aos resultados, porque é impossível adivinhar como tais máquinas poderão se comportar. Apenas assinalamos que o destino da raça humana estaria à mercê das máquinas. Pode ser argumentado que a raça humana nunca seria tola o suficiente para passar todo o poder para as máquinas. Mas nós não estamos nem a sugerir que a raça humana voluntariamente abdicaria do poder para as máquinas nem que as máquinas obteriam o poder por vontade. O que nós sugerimos é que a raça humana pode facilmente permitir-se a deslizar para uma posição de dependência tal das máquinas que não teria escolha viável senão a de aceitar todas as decisões das máquinas. Enquanto a sociedade e os problemas que enfrenta se tornam mais e mais complexos e as máquinas se tornam mais e mais inteligentes, as pessoas deixam que as máquinas tomem mais decisões por elas, simplesmente porque decisões feitas por máquinas trazem melhores resultados do que as feitas por homens. Eventualmente um estádio poderá ser atingido no qual as decisões necessárias para manter o sistema em funcionamento serão tão complexas que os seres humanos serão incapazes de as tomar inteligivelmente. Nesse estádio as máquinas estarão em controlo efetivo. As pessoas não poderão desligar as máquinas, porque elas estarão tão dependentes destas que desligá-las traduzir-se-ia em suicídio.
Por outro lado, é possível que o controlo humano sobre as máquinas seja retido. Nesse caso o homem médio poderá ter controle sobre certas máquinas privadas dele, tal como o seu carro e o seu computador pessoal, mas o controlo sobre o amplo sistema de máquinas estará nas mãos de uma pequena elite. – tal como está hoje, mas com duas diferenças. Devido a técnicas aperfeiçoadas a elite terá maior controlo sobre as massas; e porque o trabalho humano não será necessário as massas serão supérfluas, um inútil fardo para o sistema. Se a elite não tiver escrúpulos eles podem simplesmente exterminar a massa da humanidade. Se eles forem humanos eles podem usar propaganda ou qualquer outra técnica psicológica ou biológica para reduzir a taxa de natalidade até a massa da humanidade tornar-se extinta, deixando o mundo para a elite. Ou, se a elite consistir de liberais de coração brando, eles poderão decidir desempenhar o papel de bons pastores para o resto da raça humana. Eles se certificarão que as necessidades físicas de todas as pessoas são satisfeitas, que todas as crianças são criadas sob condições psicologicamente higiênicas, que todas as pessoas têm um hobby "preenchente" que os mantenha ocupados, e que todas as pessoas que poderão se tornar insatisfeitas sejam sujeitas a “tratamento” para curar o seu “problema”. Claro que, a vida será tão vazia de sentido que as pessoas terão de ser biologicamente ou psicologicamente engendradas para remover a sua necessidade de impulso de poder ou para faze-las sublimar o seu impulso de poder em algum hobby inofensivo. Estes seres humanos engendrados poderão ser felizes nesta sociedade, mas eles não serão certamente livres. Eles serão reduzidos ao status de animais domésticos.
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